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Confiança? Confiança que a peça de teatro será medíocre, como sempre?

Pagamos impostos para poder ver estas peças de teatro de revista na Assembleia da República.

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beegarc
mar 11, 2025
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Quem é que confia que alguma coisa de bom sairá do Governo? -
beegarc

Hoje, 11 de março de 2025, a Assembleia da República portuguesa transformou-se, mais uma vez, como sempre num palco de teatro de revista de terceira categoria. qual a peça em exibição? A moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD), que se poderia chamar “Confia no Meu Tacho, Não me Deixes de Mãos a Abanar!”, ou qualquer outro título digno de Quim Barreiros.

O guião destas palhaçadas é tão previsível que nem os deputados se deram ao trabalho de ensaiar: o governo finge que tem poder, a oposição finge que resiste, e no final toda a gente faz de conta que é muito importante, e decide coisas importantes para o povo, fazendo de conta que não sabem que quem manda de verdade está em Bruxelas, a tomar um cappuccino enquanto decide onde comprar mais armas com as nossas poupanças.

A votação está a decorrer enquanto escrevo, mas — surpresa! — o resultado é tão relevante como a cor das meias de Marcelo Rebelo de Sousa. Vamos dissecar esta farsa, porque o riso é a única coisa que nos resta.

Tudo começou há uns dias, quando Luís Montenegro, com o ar de quem nunca teve jeito para discursos inspiradores, anunciou a moção de confiança. Chamou-lhe “Estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade” — um título tão pomposo que parece saído de um gerador automático de slogans políticos.

A ideia era clara: aguentar-se no governo, apesar das polémicas com empresas familiares e das habituais trapalhadas que fariam corar um estagiário. “Confiem em mim!” — gritou ele, ou pelo menos tentou, enquanto a oposição consultava as sondagens para saber se votava a favor ou não, e o país bocejava.

Era um uma fuga para a frente, e uma tentativa de truque de magia digno do David Copperfield ou vá, do Luis de Matos. Se a moção passasse, Montenegro poderia continuar a servir as suas clientelas políticas; se falhasse, bem, de certeza que alguém lhe vai oferecer um emprego na Europa, ou no casino Solverde.

Mas aqui está o segredo: ninguém, nem ele, nem nós, acredita que isto mude alguma coisa. Porque, no fundo, o governo português não passa de um mordomo subserviente da União Europeia, e esta moção é só mais um número de ilusionismo para entreter os desatentos.

O debate começou hoje à tarde, com Montenegro a subir ao palco para 12 minutos de discurso que poderiam ser reduzidos a um tweet: “Por favor, não me mandem embora, eu sou boa pessoa.” Falou em estabilidade, responsabilidade e outras palavras bonitas que soam bem em comunicados de imprensa, mas que ninguém leva a sério numa sala onde metade dos deputados está a jogar Candy Crush ou a pintar as unhas.

A oposição, claro, não perdeu tempo. Pedro Nuno Santos, do PS, entrou em cena com um ataque ensaiado, chamando à moção “um pedido de socorro disfarçado”. O PCP e o BE, fiéis ao seu papel de revolucionários de bancada, acusaram o governo de vender o país ao capital — uma crítica tão original que se ficassem calados já todos a conheciam.

André Ventura, do Chega, trouxe o seu habitual drama de telenovela, gesticulando como se estivesse num casting para vilão de Hollywood. A Iniciativa Liberal, por outro lado, tentou vender a sua ladainha de “menos Estado, mais liberdade”, mas afirma que vota a favor porque não querem correr o risco de perder deputados nas próximas eleições.

Entretanto, o Livre discursava sobre o planeta como se a moção fosse sobre reciclagem. Felizmente, não gaguejaram.

No fim, Montenegro voltou ao púlpito para mais um apelo à “razão”, mas a esta altura já ninguém queria saber — exceto os jornalistas, que precisam de encher chouriços para o telejornal das 20h.

Enquanto escrevo, os deputados estão a votar. PSD e CDS alinham-se com Montenegro, claro, porque abandonar o chefe seria má educação. A IL provavelmente junta-se ao coro dos “sim”, porque adora qualquer coisa que cheire a status quo disfarçado de coragem. Do outro lado, PS, Chega, PCP, BE e Livre preparam-se para o que quer que decidam, porque a única coisa que une esta oposição é o prazer de dizer “não” ao governo.

Mas repito: não importa o que saia desta votação. Passe ou não passe, o guião já está escrito, e vamos continuar a querer comprar mais armas para nos defender do Putin (e dos espanhóis), vamos continuar a apoiar políticas ambientais que apenas nos empobrecem, e vamos continuar a beber por palhinhas de papel, para salvar as focas do Pólo Norte.

Porquê? Porque o governo português é irrelevante. Se a moção for aprovada, Montenegro fica mais uns meses a aquecer a cadeira antes da próxima crise; se for chumbada, Marcelo dissolve a Assembleia, há eleições, e o circo recomeça, com novas ofertas de serviços e produtos grátis pagos com o dinheiro que vem da Europa, e que depois será reembolsado através da inflação ou de mais impostos.

As ordens continuarão SEMPRE a vir da UE, decididas por pessoas que não foram eleitas por ninguém, e embrulhadas em diretivas com nomes tão entediantes que até os funcionários públicos as ignoram. Esta votação é só um intervalo comercial na telenovela europeia que manda em Portugal.

Vamos ao cerne da questão: a moção de confiança é uma peça de teatro de revista sem piada porque o governo português não tem poder para nada que conte. Querem baixar impostos? Bruxelas diz “niet” (em ucraniano). Querem salvar o SNS? A UE não aprova o orçamento, porque a prioridade é o rearmamento. Querem aprovar uma moção que prove alguma coisa? Boa sorte, porque o verdadeiro chefe está na Comissão Europeia, a assinar papéis enquanto bebe um vodka ucraniano pago com os nossos impostos. A Assembleia da República é um palco de fantoches, e Montenegro é só mais um marionetista com os cordelinhos cortados.

Então, por que raio nos importamos com esta moção? Porque adoramos o drama, e fomos ensinados a ver telenovelas mexicanas. É o nosso fado: fingir que o que se passa em Lisboa muda o país, quando na verdade é só um eco das decisões tomadas em Bruxelas. Os deputados gritam, os comentadores analisam, e o povo resmunga no café — mas no fim, seguimos todos na mesma carruagem europeia, sem saber quem conduz.

Quando a votação acabar — e não me perguntem o resultado, porque é tão relevante como o horóscopo de um carapau —, os portugueses vão continuar a vida. Uns vão culpar o PS, outros o Chega, outros o Montenegro, mas ninguém vai apontar o dedo ao verdadeiro culpado: a nossa subserviência à UE. Esta moção de confiança não é um teste ao governo; é um espelho da nossa irrelevância. Então, peguem numa imperial, um prato de tremoços, riam-se do absurdo, e esperem pelo próximo ato. Em Portugal, o teatro nunca fecha — só trocam os atores, e o guião continua a vir de fora.

Bruno Garcia

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