Anarquismo: a doença infantil do libertarianismo
Ayn Rand, uma das pessoas que mais influenciou o movimento libertário nos EUA, afirmou que o anarquismo seria, no fim de contas, uma forma de colectivismo.
Atendendo a que há um número significativo de anarco-libertários no “embrionário” movimento libertário português, urge clarificar o que nos separa do anarquismo e estabelecer linhas vermelhas.
O que nos separa é o reconhecimento da necessidade do Estado enquanto garante dos direitos individuais, da segurança interna e externa e da administração da justiça — o que designamos por funções essenciais do Estado ou minarquismo.
Muitos anarquistas, pelo contrário, rejeitam a necessidade do Estado e confiam que na sociedade com que sonham emergiriam formas alternativas de garantir a segurança e de administrar a justiça. Infelizmente este é um sonho com grande potencial para se tornar pesadelo porque sem uma autoridade central a tendência é para o caos (Ayn Rand).
Ayn Rand afirma que sem Estado, o que emergiria seria uma multitude de facínoras que imporiam a sua vontade, esmagando qualquer conceito de direitos. Chama também a atenção para que a sociedade anarquista também foi a utopia dos comunistas, o último estádio da evolução histórica (Karl Marx).
Quem pretender exterminar o Estado não é libertário, é anarquista. Esta é uma linha vermelha. Os anarquistas, contudo, devem ser aceites e bem-vindos no movimento libertário, porque amam a liberdade e podem dar contributos notáveis. O que não é útil é o proselitismo anarquista.
Refiro-me, por exemplo à pretensão de eliminar os impostos, passando o Estado a depender de contribuições voluntárias.
Defender o minarquismo significa defender o financiamento do Estado, o contrário seria o equivalente aos famosos “jantares grátis”, que os libertários rejeitam na saúde, na educação e na segurança social.
Deve ser imposto um tecto ao financiamento do Estado? Penso que sim, um Estado gordo esmaga a liberdade e ameaça o direito à vida. Qual deve ser esse limite? Não deve ultrapassar a “dízima”.
Na época actual, o Estado consome mais de metade do produto e extorque mais de metade dos recursos gerados por muitos portugueses. Eu penso que denunciar esta situação e colocar um travão nos 50% pode interessar muitos eleitores em apoiarem uma plataforma libertária.
Não significa apoiar o esbulho fiscal; significa dizer: alto e pára o baile!
Os anarquistas podem prometer ananases na Lua, mas eu ainda prefiro os tomates na Terra.
Joaquim Couto
https://x.com/joaquimsacouto
O like é só pelo tópico, pois concordo consigo na importância do tópico, não sei se apoio toda a abordagem...
Aquilo no Algarve é o que mais temos, na geração produtora de cultura, por isso é muito normal no Reino dos Algarves termos muitas comunas nacionais e internacionais.
Primeiro é compreender o discurso dele, qual o nível de anti-imperilismo ou agnosticismo, e felizmente a maioria acredita em algo, aqui que consigo entrar um pouco.
- O que é a Anarquia?
Poucos dizem que é a falta de regentes ou Deus. Isso para os libertários é super importante, não o facto de acreditares, mas teres a liberdade de acreditares. Faz parte dos teus direitos fundamentais construires a tua comunidade com a liberdade de pensar e expressar o que acreditas. Não direito de impor na comunidade o teu não-Deus!
-O que é a propriedade privada?
São os teus pincéis ou enchadas, os teus meios de produção, e o produto que produziste, as batatas ou quadros.
-O que é o capitalismo?
A liberdade de trocares com com queres, ao valor que queres, sem teres de ser forçado a um preço ou produção.
Conseguimos explicar a muitos, que o princípio da destruição da propriedade privada, respeito pelo trabalho ou arte do outro, é o que nos separa... não me importo que me chamem de anarca de direita xD
O meu ponto libertário de vista.
Se concordo que o minarquismo é o caminho intermédio para assegurar que a sociedade não entre em caos, protagonizado pela Ayn Ran, já a equiparação da sociedade sem estado anarquista como a sociedade sem estado libertária é falaciosa.
A sociedade sem estado anarquista, no sentido marxista, onde deixa de existir classes e com isso a garantia de ausência de conflito o que por sua vez originaria a não necessidade de autoridade (estrutura organizacional), não é a visão libertária.
A visão libertária é exactamente o seu contrário, o Libertário sabe que a sociedade vive de equilíbrios (conflitos) e por isso não rejeita a autoridade. O que o Libertário rejeita é a autoridade centralizada, promovendo a autoridade através da organização local e usando os meios que mais se adequarem ao seu local.
Nuns através de modelos privados de um só proprietário, outro através de modelos privados em co-propriedade e outros em sistemas voluntários de cooperação.
A organização da nação será o somatório de entendimentos entre cada uma das localidades conforme a sua forma voluntária de cooperação.
Haverá sempre necessidade de negociar os equilíbrios na sociedade? Claro que sim. Será o caos? Nunca, pois nem haverá o modelo actual cuja solução natural é levar o Estado à ditadura (o cúmulo da engorda) e nunca levará à anarquia pois admite as diferenças e conflitos de interesse, o que obriga a uma maior atenção à defesa da propriedade.