CHEGA, IL, Agenda Woke, "Clima" e Economia
Semelhanças: ambos navegam no sistema, sem nunca criticarem o problema de fundo, ou seja, que as agendas apenas podem existir devido ao estado-mastodonte que as divulga e amplia.
Obrigado MrCross pela questão que nos dá a oportunidade de clarificar alguns aspectos.
Nem o CHEGA nem a IL são partidos libertários. Têm algumas tendências minarquistas (algum ímpeto formal de redução do estado) do ponto de vista teórico, mas não encaram o real político como os libertários. E têm mais semelhanças entre si do que pode parecer à primeira vista.
O primeiro aspecto, no caso do CHEGA, é que apesar de terem alguma oposição à agenda woke e à questão das alterações climáticas, é tímido nessa oposição, ficando numa posição aparentemente contrária - apenas às manifestações visíveis das agendas - nunca indo à fonte do problema. Essa fonte é o marxismo cultural, formalizado pela Escola de Frankfurt que - concordemos - é de explicação às massas algo difícil no contexto da habitual, má, e superficial, comunicação política, mas que poderia passar por afirmar publicamente alguns factos essencias.
Também no caso do CHEGA, poderiam afirmar que há um claro intento político, a partir de um ponto central, ligado à oligarquia ocidental, de se onde origina a Teoria Crítica e há grupos interessados na desconstrução societária através da intervenção e poder sobre as escolas, liceus, universidades e media ocidentais.
A IL, népia.
A IL nunca critica a Teoria Crítica, e o CHEGA nunca vai à raiz do mesmo problema que é a penetração da teoria nos sistemas de “educação” nacionais. Ou seja, a IL não combate (como tu afirmas e correctamente) e o CHEGA, combate tibiamente, apenas as manifestações superficiais das agendas.
Apesar de a Rita Matias ter o autocolante de crítica à Agenda 2030 no verso do ecrã do seu computador portátil, o CHEGA abstêm-se de explicar o que é essa Agenda e de a combater com a força e oposição que merece. A Agenda 2030, na nossa opinião fundamentável, é o suicídio colectivo (dos crentes e incautos, sobretudo) do planeta.
A IL? Aceita, gosta, deseja, quer! mesmo, esse suicídio colectivo.
A raiz do problema está no monopólio do estado sobre todos os sectores da sociedade, e especificamente no da “educação” que permite inserir a agenda cultural destrutiva socialista. Só desmontando o monopólio se consegue oferecer resistência a estas correntes de origem central, ampliadas pelo poder dos inúmeros burocratas e parasitas “sentados” nos sistemas educativos.
O que é afirmado acima vale também para a questão “climática”. Os nossos jovens cada vez mais são formatados pela doutrina oficial e os Pais nem se apercebem de quanto isso condiciona os jovens. Formalmente, durante o período quotidiano em que estão nas escolas a cumprir os “programas” do ministério da “educação”, os jovens sofrem verdadeira lavagem cerebral.
A doutrinação woke ou climática apenas é possível pela dimensão e importância do estado na gestão do sistema, e no estabelecimento de objectivos de “educação”. Portanto: reduza-se essa dimensão e essa importância, e obter-se-á uma redução da capacidade de penetração dessas agendas, e outras, na sociedade.
Claro que aqui os media também são fundamentais, mas não vês CHEGA ou IL criticarem o sistema mediático do ponto de vista do seu real controlo por parte do Estado e corporações nacionais e internacionais. Ficam-se, no caso do CHEGA, e mais uma vez, apenas pelas manifestações superficiais. Mas os media merecem um endereçamento e artigo próprio. Fica para outro dia.
Conclusão sobre wokismo e climatismo:
O CHEGA é mais positivo na oposição ao “wokismo” e “climatismo” (e por isso agrada a alguns contestatários) mas é superficial e pouco útil do ponto de vista de combate real e esclarecimento quanto ao fundo concreto dos problemas;
A IL é socialmente daninha, e provavelmente isto dever-se-á à formatação dos seus integrantes pelas escolas do sistema, e à própria origem da IL que foi uma iniciativa formal de globalistas que tomaram o espaço em Portugal, que deveria ter sido liberal-clássico e não liberal-social;
Semelhanças: ambos navegam no sistema, sem nunca criticarem o problema de fundo, ou seja, que as agendas apenas podem existir devido ao estado-mastodonte que as divulga e amplia.
Iniciativa Liberal/CGP e economia:
Comecemos por relatar um episódio de conversa com o CGP:
Um dia, numa rede social, num grupo relevante dedicado ao Liberalismo em Portugal, discutíamos com o Carlos Guimarães Pinto sobre alguns aspectos económicos. O CGP teimava em afirmar a defesa do “estado-regulador” e em usar os conceitos que aprendeu nas escolas e universidades do sistema, sobre “grandes agregados económicos” e outros conceitos keynesianos. Argumentei com ele que falar de agregados apenas fazia sentido quando se desconhecia o que significa a política monetária no que diz respeito à origem, criação do dinheiro FIAT, e escolha de vencedores e vencidos que isso representa para a economia - forjada - em quem vivemos.
O Carlos respondeu: “a discussão termina aqui, pois teoria monetária “não é a minha praia” e sou desconhecedor”.
- Como é possível que um doutorado em economia afirme nada saber sobre teoria monetária?
Ora bem, os libertários começam a sua descoberta económica exactamente por entenderem a realidade básica da iniquidade do sistema monetário, e a perniciosa falsificação da realidade económica que esse permite. Sem perceber o facto básico, as discussões e elaborações económicas pouco mais são que masturbação intelectual.
E nas universidades de economia, gostam muito, e há múltiplos doutoramentos em masturbação intelectual económica.
Nós vivemos numa economia de casino onde a banca central, e seus clientes directos, ganham sempre.
Agora, a IL e o CGP estão no Parlamento. E, o que fazem?
Discutem a lógica do “corta aqui”, “adiciona ali”, “reduz um bocadinho”, “regula ali”, mas nunca vão à raiz do problema económico português. Discutem cêntimos num problema com a dimensão de muitos milhares de milhões.
E qual é esse problema central? Temos uma má moeda.
Sem o entendermos, nunca conseguiremos começar a endereçar soluções.
Espero ter ajudado. Obrigado pela questão.
João Pereira da Silva
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