Um partido libertário é quase um contra-senso porque os partidos são entidades coletivistas e os libertários são individualistas radicais.
Numa assembleia de libertários, por exemplo, é possível ouvir tudo e mais as botas porque nem sequer se gera acordo sobre a utilidade de ser partido ou de apenas constituir um grupo de influência — uma espécie de “thinktank”.
Resta perguntar se há algo que nos une, no meio de tanta diversidade. Como libertário a minha resposta é um afirmativo SIM! O que nos une é pouco, mas é primordial.
1. Defendemos o direito à vida (com todos os seus corolários)
2. Asseveramos o princípio da não-agressão (como definido por Rothbard)
Pode não parecer muito, mas são postulados fundamentais — na base de qualquer civilização.
Não chegam, porém, para redigir um programa político porque se inscrevem no âmbito da ética e a política reside no âmbito do poder.
O poder, como explicado por Carl Schmidt, trata de congregar e ajudar os amigos e de combater os adversários, sem contemplar a dimensão ética. Alguém disse que na República a ética é a Lei e quando um político não viola a Lei não pode ser condenado em termos “éticos”.
Aqui abre-se um espaço para o libertarianismo, como consciência ética da política. Podemos e devemos condenar todos os partidos que atentam contra o direito à vida, mesmo quando o fazem dentro da Lei.
Um exemplo, se me permitem: durante a C19 o Estado de Emergência facilitou violações flagrantes do direito à vida ao suprimir o direito à liberdade e à propriedade, provocando a morte de milhares de pessoas.
Os libertários perceberam de imediato que esta suspensão de direitos iria ter um custo tremendo e, infelizmente foi isso que aconteceu. O mesmo se poderia dizer de tantas outras actuações do Estado, mesmo dentro de uma governação normal.
Um partido libertário não deve ter um programa, porque somos contra a intervenção do Estado, na economia e na vida privada. Deve é ser o farol ético da política, alicerçada em direitos (de facto) inalienáveis.
Nesse âmbito talvez faça sentido um partido político.
Joaquim Sá Couto
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