FALAR CLARO
Nem sempre prestamos atenção a tudo o que ouvimos e, de forma consciente ou inconsciente, excluímos com frequência informação importante para a apreensão que fazemos da realidade.
Este mecanismo ou filtro mental transporta-nos para um mundo fenomenologicamente dissociado do real, com todos os perigos e riscos dos delírios psicóticos.
Em termos políticos, por exemplo, excluir a condição nacional de estado vassalo da UE e, por extensão, dos EUA, leva-nos a pensar e a propor medidas que não podemos implementar em Portugal, sem “autorização superior”.
Noutros casos distorcemos conceitos, de tal modo que, preservando uma aparência lógica, chegamos a conclusões ilógicas. Pensemos no conceito de fascismo: é tão distorcido com frequência que parece encaixar em quaisquer ideias contrárias às nossas.
Por fim, temos tendência para generalizar noções particulares. A corrupção de um político pode estigmatizar todos os políticos, se generalizarmos a situação particular.
Como libertários devemos estar atentos a estas pechas linguísticas para não cairmos em erros infantis ou no pensamento de grupo (group thinking). O caso Watergate é muitas vezes citado como exemplo perfeito do pensamento de grupo, de como o presidente Nixon e a sua entourage se convenceram da sua própria narrativa... até ao desfecho final. Excluíram, distorceram e generalizaram, até a realidade lhes bater à porta.
Uma das razões porque sou libertário é porque sempre apreciei a linguagem clara: dizemos o que pensamos sem rodeios, numa linguagem inequívoca. Exactamente o contrário dos partidos coletivistas, que excluem, distorcem e generalizam até “vir a mulher da fava rica”. Como sublinhou George Orwell, para essa gente a censura é liberdade e a guerra é paz.
Com alguma disciplina mental devemos fugir a sete pés de exclusões, distorções e generalizações. A linguagem clara e concisa é a chave para propagar as nossas ideias.
Joaquim Couto
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