A história é mais complicada, mas no essencial vai assim:
Fausto vende a alma ao Diabo com promessas de fortuna e facilidades, para se ver arrependido pelo verdadeiro custo das suas escolhas e incapaz de se livrar do mau acordo que fez.
Fora da ficção, na realidade, o Diabo é o Estado e Fausto são todos aqueles que trocaram a dignidade de um trabalho privado, honesto, por um rendimento garantido, pago pelos impostos dos outros.
Professores, agricultores, juízes, polícias, artistas, advogados, e tantas mais pessoas dessas e de outras profissões, entregaram-se, entranharam-se no Estado, convictos que obteriam um rendimento garantido, com uma carreira da qual não podem ser despedidos ou com uma clientela cativa pelas licenças ou só mais um subsidiozinho para compensar a dificuldade que é vender. Isto para depois descobrirem que, não só o que recebem é pouco, como nada mais podem fazer a não ser prejudicar ainda mais a sua infeliz situação.
A primeira maldade do Estado Diabo, além de castigar os que não se juntam, é não recompensar aqueles que a ele se juntam.
Os rendimentos garantidos aos funcionários são decrescentes, rapidamente, seja pelo aumento imparável do número de outros Faustos que também esperam receber sem o merecer, mas também porque cada um deles não têm como merecer aumento, pois foi esse mesmo o acordo que fizeram.
Se o salário é garantido sem trabalhar, não há como trabalhar para aumentar o salário.
Os Faustos, funcionários, arrastam-se em ambientes de trabalho miserável, entregam serviços vergonhosos, são até desprezados por quem tem de os sustentar e a única forma que lhes resta de libertar a sua frustração é fazerem greve, ou manifestaram-se, piorando ainda a sua situação, pois que, se o mal de que padeciam era ganharem pouco, sem precisarem de trabalhar, ao fazerem ainda menos, graças às greves ou manifestações, ficam ainda pior.
É a segunda maldade do Estado Diabo, os Faustos ao reclamarem por mais salário, só criam razões para receberem ainda menos.
Um agricultor que destrói a sua colheita, um funcionário que faz greve, um professor que falta, um motorista que bloqueia a estrada, estão a demonstrar que não sabem fazer melhor, que não conseguem progredir, que não têm nada de bom a acrescentar. Querem receber mais, mas o melhor que conseguem é destruir o pouco e insuficiente que antes valiam.
A terceira e mais pérfida maldade, o Estado Diabo não só pode como vai sempre piorar. Todos os Faustos, funcionários, sejam com carteira assinada ou apenas com um tacho ou numa negociata pública, entram no esquema com uma ilusão, irão fugir aos impostos, deixarão de os pagar, para se tornarem nos recebedores do que outros pagam. Depois, acabam frustrados, infelizes, revoltados, perseguidos pela sua consciência de terem feito um mau negócio, que não só paga uma miséria, como os obriga a serem maus profissionais e não lhes dá outra opção de libertar a frustração que não seja fazerem sofrer ainda mais as vítimas inocentes da ganância original, talvez para se sentirem menos mal por comparação, e tem mais.
Se os Faustos estão aprisionados no Estado Diabo, a sua frustração manifestada em pior serviço só convence os outros, as vítimas, que não há alternativa a não ser eles também desistirem e fazerem aquele mesmo negócio faustiano e também eles se juntarem ao Estado.
Se um agricultor não recebe subsídios não pode nem derramar leite na estrada, se um professor não faz greve é retirado do ensino obrigatório. Qualquer profissional que tente trabalhar logo entende que não consegue, com tantas taxas e impostos e regulações e limitações. Esgotados, são tentados também entrar no Estado, agravando o mal para toda a gente.
A história de Fausto e do Diabo é uma metáfora, exceto para quem acredita nessas coisas da metafísica, e há muito quem acredite, dos dois lados. Mas não faz diferença, a realidade é indesmentível.
Os faustos, funcionários e afins, venderam a sua alma ao Estado e recebem aquilo que negociaram. Um rendimento garantido, composto por frustração e dedicação a prejudicar quem os sustenta, levando muitas das suas vítimas a não verem outra saída a não seja também se juntarem ao Estado, ampliando o arrependimento faustiano de toda a gente.
É lixado, mas haverá como fazer um exorcismo a este cenário? Não há soluções coletivas se o problema é o coletivismo.
Só resta a cada um proteger-se do mal, recusar-se a vender a alma nesses negócios diabólicos, deixar que a besta se consuma a si própria.
Emigrar, desmaterializar, evitar pagar impostos e deixará de haver incentivo para aumentar o Estado.
O Diabo só existe enquanto acreditam nele.
Texto de Ostrich Economics
Pois... vivo rodeado de "empresários" que a sua economia é como a heroína dos subsídios.
Talvez se consiga uma corporativa com mentalidade de Base 0, onde o que conta é o trabalho do indivíduos, não o lucro ou a sobrevalorização dos serviços.
O ano passado fui professor público substituto... não sei até que ponto não faça mais um round, estar onde perdemos e ganharam os comunistas, junto das crianças!