Realisticamente, Putin está praticamente em Lisboa.
É urgente começar a preparar para defender a invasão.
O humano médio tem alguma incapacidade de gerir números grandes, fora da sua vida diária. A distância da Terra ao Sol, ou à próxima galáxia são números tão grandes, que não conseguimos sequer entender o que querem dizer. É preciso tornar os números grandes em algo palpável.
A distância média da Terra ao Sol é de 149.600.000 km. O que significa isto? Cerca de 3.732 voltas completas à Terra. O que significa isto? 19.179 viagens de ida e volta de Lisboa a Moscovo. E o que significa isto? 272.993 viagens de ida e volta entre Lisboa e Porto. O que significa isto, quanto tempo demoramos a fazer isto? Cerca de 195 anos, sem parar, a viajar a 100 km/h em média. Mesmo 195 anos é um número incomensurável, é algo que não conseguimos entender bem, porque nenhum humano vive 195 anos.
E esta incapacidade humana - o nome técnico é Insensibilidade à Escala - de entender números grandes é facilmente aproveitada por quem tenha… vontade de enganar alguém ou, sejamos moderados, utilizar o desconhecimento dos outros, em seu favor e benefício.
Há alguns anos surgiram aproveitamentos desta Insensibilidade, quando nos fizeram crer que valia a pena obrigar crianças com toda uma vida à frente a serem injetadas com substâncias experimentais, mal testadas, para salvar idosos em situações quase terminais. Se uma criança de 10 anos morrer (e várias morreram) por efeitos secundários da injeção, perdem-se potencialmente 72 anos, enquanto se um idoso de 81 anos morrer e a esperança de vida for 82 anos, perde-se apenas 1 ano. Mas a insensibilidade de escala torna bastante mais apetecível salvar a vida do velhinho (até porque poderíamos ser nós) que a vida da criancinha (que obviamente não somos nós).
Em 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia. A História não começou nesse dia, mas vamos fazer de conta que sim. Pelo que leio na imprensa ocidental (a imprensa russa está censurada na Europa, para que não seja possível ouvir o “outro lado” da narrativa), sem nenhum aviso, sem nenhuma provocação, sem nenhuma razão óbvia que o justificasse, a Rússia invadiu a Ucrânia porque “tem uma tendência imperialista”, e “Putin pretende criar um Grande Império, de Vladivostok até Lisboa”. Acho esta ambição altamente discriminatória, porque não vejo lógica para pararem em Lisboa, e não tentarem conquistar o Alentejo e o Algarve. Mas adiante.
Claro que é importante recordar que historicamente a Rússia nunca tentou expandir para Ocidente, apesar de o Ocidente ter tentado duas vezes invadir a Rússia, com Napoleão e Hitler. Mas adiante.
Para fazer face a esta “invasão” potencial, a União Europeia, através da sua Comissão presidida por Ursula von der Leyen, que foi eleita para este cargo por 401 europeus correspondendo a menos de 0,00009% dos cerca de 447.000.000 de europeus (reparem na Insensibilidade de Escala, de novo), pretende gastar tantos Euros que a Insensibilidade de Escala irá voltar a atacar: 800.000.000.000€. O que significa este número?
Considerando que um tanque Leopard, fabricado na Alemanha custa cerca de 8 milhões de euros, seriam 100.000 tanques. Considerando que em esforço máximo a fábrica KMW poderia produzir cerca de 200 tanques por ano, seriam necessários 500 anos para estoirar 800.000M€ do plano von der Leyen em tanques.
Claro que este cenário é inverosímil, porque não iremos produzir apenas tanques, e uma enorme parte do dinheiro será gasta em comissões e vinho verde aos vários intermediários (com pouco mais que 1M€ podes comprar cerca de 33.000 caixas de 6x75 cl de Soleda Loureiro, que recomendo. Até aposto que te fazem um desconto de quantidade). Apenas mais um exemplo do quanto é difícil entender números grandes.
E a Comissão Europeia vai gastar este dinheiro todo porquê?
Primeiro, porque os europeus não têm outra forma senão entregar o dinheiro, através de impostos, cobrados à cabeça, e praticamente impossíveis de evitar. Fala-se também já de utilizar o dinheiro “parado” nas contas de poupanças europeias, para simplesmente comprar equipamento. Claro, se o dinheiro está no banco, não é verdadeiramente nosso, pois não? Se impediram a Rússia de movimentar o dinheiro que tinham em bancos europeus, o que os impede de “mobilizar” as nossas poupanças?
Segundo, porque como temos visto, a Rússia tem conquistado terreno na Ucrânia, e a seguir irá conquistar toda a Europa, até Lisboa (volto a sugerir respeitosamente ao Sr. Putin que não faz sentido deixar o Alentejo e o Algarve de fora).
Ora, desde a invasão em 2022 (há 1112 dias), a Rússia conquistou cerca de 65.558 km2. Isto dá uma velocidade média de 58,95km2 por dia. Mas se considerarmos apenas o ano de 2024, em que a conquista desacelerou, temos uma média inferior, de 11 km2 por dia. Realisticamente, a Rússia tem avançado sobre a Ucrânia a cerca de 26km2 por dia. Isto é equivalente a conquistar a cidade de Mafra num dia, e Odivelas no dia seguinte. Ao terceiro dia poderiam conquistar Vila Nova de Milfontes, mas para isso o plano de conquista teria que englobar o Alentejo.
Nesse caso, a esta velocidade, quanto tempo iria a Rússia de Putin demorar a conquistar todo o resto da Europa, desde a Ucrânia até Lisboa? Por alto, 950 anos, e ainda mais 3 anitos para o Alentejo e o Algarve. Por alto, mais 200 anos do que a “Reconquista” da Peninsula Ibérica aos muçulmanos. Um milénio, aproximadamente. Sensivelmente o mesmo tempo desde que Portugal foi criado.
É esta a “urgência” que existe em gastar dinheiro em armas para combater um inimigo que tecnicamente não existe, porque não nos atacou, ou de usar esse dinheiro (que resulta do trabalho árduo de todos os europeus) em benefício dos europeus e dos pobres muçulmanos e hindustânicos que nos têm vindo pedir asilo e ajuda grátis.
Feitas as contas, ou alguém está a fazer mal as contas, ou existem outros interesses por trás da vontade de tanto investimento em armamento.
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