Caro Francisco Araújo,
Li com atenção o teu último artigo. Congratulo-me pelo facto de manteres viva essa interrogação sobre o Libertarianismo. Muito bom sinal que o melhor dos pensadores públicos jovens portugueses, preocupado com o “evoluir” do Mundo Político, mantenha viva a curiosidade sobre o pensamento e percurso Libertário. Parabéns!
Sim. O Libertarianismo pode ser considerado de direita.
Na imagem abaixo vemos representado o típico cérebro de esquerda relativamente ao posicionamento dos seus afectos. Sendo os círculos a representação da proximidade/afastamento das preferências face ao ego, verifica-se que os esquerdistas se focam afectivamente nos indivíduos mais afastados do seu grupo (a compaixão pelas vítimas em terras distantes, enquanto se abortam Filhos num piscar de olhos e sem qualquer compaixão).
No típico cérebro de direita, a zona quente está próxima do centro do ego. No caso dos libertários (a grande maioria deles, pelos menos) a regra também é essa.
Porém há uma diferença fundamental entre os libertários e os direitistas. Estes últimos procuram a salvação colectiva, e os libertários JÁ SABEM, que essa não é possível, e que a única a que se devem, e podem dedicar, é a salvação individual.
Quem pensa na salvação colectiva, por via da prática política, ainda pensa que é possível desmontar o Leviathan (de Hobbes):
Se aumentarmos a imagem verificamos que o corpo do Leviathan é composto pelos milhões de funcionários do monstro. E é nessa luta que os direitistas estão. A combater os funcionários do monstro, enquanto não questionam a existência do monstro - a tal necessidade do estado que os direitistas insistem ser imprescindível para derrotar o monstro. Para os libertários tal coisa é uma impossibilidade lógica: um paradoxo irresolúvel.
Sobretudo agora que o Leviathan é internacional, e num momento em que os “governantes” locais são meros funcionários do Monstro Internacional.
Os funcionários nacionais portugueses começaram a ser arrebanhados em 1820, na Revolução Liberal que implementou a monarquia liberal, e o golpe de misericórdia sobre a nossa soberania foi iniciado em 1910 com o assassinato do Rei, e concluído em 1974 com a revolução colorida a que chamaram a “revolta dos milicianos”.
Hoje somos vassalos da NATO, da UE, e do BCE, sem qualquer independência possível. O monstro está invicto e não dá sinais de poder mirrar.
Isto para dizer que o nosso tempo de vida é curto. E falta sempre tempo para progredirmos na cura e desenvolvimento dos que nos são próximos, e de nós mesmos, claro, pois sem cuidarmos de nós próprios, não temos o poder de nos ocuparmos de outros.
Referes no teu artigo que São Tomás de Aquino é uma referência fundamental para os libertários.
De acordo, e mesmo os libertários ateus, se os questionares sobre os valores e princípios que São Tomás expôs, verás que estão de acordo, e os mais instruídos te dirão que a Escola de Salamanca fez esses valores progredir na prática, e que o Direito Natural tem precedência sobre tudo o resto:
As leis humanas devem estar em conformidade com o direito natural para serem justas.
Uma lei que promova injustiça não obriga em consciência.
Todo o sistema jurídico positivo vigente nega estes dois princípios. Pensar que temos tempo de vida para desmontar o Sistema, parece à maior parte dos libertários uma perda do recurso mais escasso de todos. Assim, para um libertário focado na salvação individual, e no bem-estar possível nos círculos mais próximos, o Leviathan é um inconveniente, um incómodo como qualquer problema que não tem solução e com o qual se conta, tal como a inevitabilidade dos impostos, mas foca-se no seu centro e círculos próximos, contribuindo para a sua Soberania Individual.
Realistamente, face à dimensão do problema e tamanho do Leviathan, os libertários, dedicam-se à Salvação Individual. Se todos fossem libertários, então a Salvação Colectiva aconteceria naturalmente.
Nada mais de acordo com os princípios enunciados por São Tomás, e pela Escola de Salamanca, certo?
João Pereira da Silva
https://x.com/RealTetraPack
Penso que o Francisco nõ discordará profundamente do que foi aqui escrito, no entanto o principal ponto dele (também já adressado por Hoppe) é que existe um mínimo de capacidade intelectual necessária para que a colaboração coluntária seja viável. QI e Preferência Temporal estão correlacionados e como tal essa reflexão faz sentido. No intanto isso não inqualifica a mensagem libertária, pois até o maior idiota útil aprende quando não protegido das consequências dos seus atos.
Fdx, rabino, se era para ignorar o que o homem escreveu, para que escrever esta porcaria?
Sempre a rabinar...