No outro dia houve uma alta peixeirada no grupo dos libertários, que é assim uma grupeta de Facebook, empenhada em atrapalhar a criação de um partido político libertário.
Em retrospectiva, faz todo o sentido que esse tipo de coisas aconteçam. Porque os libertários são como os gatos e os gatos gostam de peixe, logo de peixeirada. E também, por outro lado, porque os gatos não gostam nada que mandem neles e fazem uma bagunça se metidos todos num mesmo saco.
Sabendo nós que um partido político é uma entidade coletiva, uma manada, cardume, etc., é normal que essa coisa de criar um partido não ande bem para os libertários. É que há animais que são propícios a andar em bando e como tal podem ser organizados por uma vara, ou agrupados espontaneamente, como um enxame. Mas isso não é assim com os gatos, e criar um partido libertário implica ter a capacidade de pastorear gatos. Coisa que, até ver, ninguém tem.
Para entender um bocadinho desta zoologia, vale fazer um espectro político das ideias liberais libertárias e outras que tais e bicharadas. Atente-se na seguinte escala:
Uma grande e crescente parte da população política são ratos; socialistas, comunistas e afins, apesar de agirem cada um por si, conseguem viver amontoados aos milhares e sacam tudo o quanto podem.
Alguns desses ratos estão extremamente domesticados, são tipo hamster, falta-lhes o vigor para irem sacar e dependem do ecosistema para serem alimentados. Esses assim são os sociais democratas e são quase gatos, mas gordos.
Quase hamsters são os gatos gordos, ou os populistas, à superfície dizem-se gatos, mas vivem tão acomodados, bem alimentados e lá está, gordos, que tirando uma vaga semelhança estética com um gato de verdade e umas miadas anti-sistema de vez em quando, quando está com o cio, são indistinguíveis dos hamsters.
Um Liberal à europeia é um gatinho, não confundir com um liberal à americana que é apenas um rato. O gatinho é fofinho e tem tudo para ser um animal individual. Mas é frágil e delicado e não sabe propriamente caçar, as suas ideias de gato não passam de brincadeiras de faz de conta, isto enquanto cresce para virar um gato gordo.
Gato, gato, bravo, é o Libertário, um lince selvagem. Infelizmente, pouco habilitado a viver neste mundo moderno e sempre em risco de extinção, à beira de ser caçado pela bicharada mais organizada.
Resta o Leopardo ou o Ancap. Que é gato, totalmente selvagem, e bem sabe que não há nada a ganhar em andar a mexer no lixo dos outros animais. Caça para si, guarda o que caça no seu abrigo ao alto e não se deixa cair em grupos.
Ora, tudo isto só para explicar que um partido libertário é um projecto equivalente à repopulação do lince, os pobres dos bichos não se dão nada bem assim que são libertados na natureza e na verdade estavam melhor a ser alimentados no abrigo.
No melhor cenário, um partido libertário é uma peixeirada. Todos aos gritos assanhados e ninguém se entende. No pior cenário, são gatos domesticados, a prazo, indistinguíveis dos gatos gordos, e na verdade, dos ratos.
Posto isso, quem quiser avançar a causa, terá de ser é Leopardo, cuidar da sua caça, arranjar rendimentos não tributáveis e meter o que ganha lá na sua árvore de blockchain.
Até porque, a única forma de derrotar os ratos, não é convencê-los com palavras moles, óbvio. Os ratos só emagrecem quando se os deixa comerem-se uns aos outros. Isto até que o navio comece a afundar. Aí então, os ratos serão os primeiros a abandonar, e sim, ficaria o ambiente purificado de rataria. Mas, por outro lado, quem é que quer ser um gato num barco a afundar? Vai-se molhar e os gatos, é bem sabido, odeiam água.
Pois bem. Espero que tenha ficado claro, que isto de um Partido Libertário é não conhecer bem a natureza da bicharada e enterrar a cabeça na areia, coisa que os avestruzes não fazem.
Olá. Sigo esta página há pouco tempo e há muitos anos que não tenho contacto com ninguém que tenha a ideologia que abracei quando era puto, há quarenta e alguns anos atrás, quando a sede do jornal " A Batalha" era junto a Sapadores numa casa devoluta (sic) e vários grupos libertários se juntavam por ali. Entretanto outras vidas aconteceram, a ideologia e a maneira de estar na vida não mudaram, mas nunca mais soube de nada acerca de companheiros, até ter visto no twitter, julgo eu, falarem num partido libertário, tipo de organização a que sempre nos opusemos. Deixei a minha opinião discordante e é coisa que nem ligo. Ainda pensei que seriam algumas teorias novas, mas achei impossível um abraço na burocracia e no próprio sistema. Só para dizer que estou muito contente por vos ter encontrado e continuarei a ler-vos para voltar a sentir de novo aquela alegria de construir. Saudações.
Li o fim, e fiquei a pensar que gato seria eu... Naquele espectro gigante, e tendo um pouco de tudo, na volta sou aqueles egípcio que não tem pelo.
Pois o "arruaceiro" não tem problemas de admitir que o bairro não saí dele, apesar já ter saído do bairro. Não tenho qualquer planos políticos senão a cultura libertária, seja americana ou salamanquence (?), e construir alternativas sistémicas.
Também farto de estarmos em círculos, a exigir reformas de fundo, para planear o futuro, mas não existe vontade em definir o que somos, ou algo mais importante... Distribuir responsabilidades!
E para quem, compreensivelmente, pode não estar a gostar do comportamento de uma "facção", onde é que querem vós que tenhamos participação? É que não somos soldados/legião/comunas, só trabalhamos para o que concordamos... porque é que não negociem connosco?
Príncipe Aclamado dos Reinos do Algarve,
Carlos Jesus